quarta-feira, 20 de maio de 2009

DANÇA DO VENTRE



Há anos sou amante da dança do ventre e de todos os apetrechos a ela relacionados, saias amplas e esvoaçantes, véus transparentes e ricamente bordados, instrumentos de percussão, serpentes, espadas. Para mim, trata-se de um banquete para os sentidos: o cheiro do insenso, a textura dos tecidos, o som dos derbaks e todos os movimentos sinuosos que a dançarina é capaz de fazer com os braços, aspernas e, claro, o abdômen. Uma lenda disseminada por leigos diz que a dança do ventre "dá barriga", uma bobagem reiterada pelo fato de muitas bailarinas serem gordinhas. O que pouca gente entende é que essa dança é um tributo à feminilidade, coisa que passa bem longe do padrão estético difundido pelas revistas de moda. Por isso, eis aqui minha mulher dançando e tocando snujs para mostrar que beleza não cabe só no manequim P.


Uma de minhas colegas de circo iniciação é uma jovem de coxas grossas e quadril largo. Quando ela entrou na minha turma, percebi alguns olhares indiscretos assim que o professor propôs exercícios acrobáticos em duplas. Normalmente, os mais fortes são os portôs, que ficam embaixo, agüentando o peso de quem está em cima, os volantes, mais leves e flexíveis. É só imaginar aquelas pirâmides humanas para ter uma idéia: os mais resistentes fazem a base para os mais magros se equilibrarem. A indisposição geral acabou assim que o primeiro rapaz segurou minha colega gordinha. Ela tem alongamento de iogue e equilíbrio de bailarina. Fez ginástica olímpica quando era criança e deve ter engordado por alguma sacanagem biológica. Quando faz uma acrobacia, parece uma folha no ar, leve e graciosa. Foi o que tentei reproduzir com mais esta boteriana aqui.

Estou preparando um arquivo dos textos do Guindaste agora que me aproximo dos 200 posts e, fuçando nas ilustrações, vi que não tenho nenhuma gordinha por aqui. Fui a uma exposição sobre o cineasta Federico Fellini no ano passado e fiquei encantada com um esboço bem simples que ele fez de uma mulher de costas: o desenho das ancas e da cintura lembrava uma ampulheta; os braços esticados davam equilíbrio ao conjunto. Fiquei um tempão olhando a composição, que representava uma mulher tão pesada e tão delicada ao mesmo tempo. Não era minha intenção colocar tantas séries aqui no blog num período tão curto, mas acho que já estou atrasada com a série Boterianas, que começa com este estudo felliniano, feito nesta madrugada. As magrelas que me desculpem, mas curvas nunca são demais.

Um comentário:

  1. Isso me fez lembrar que há alguns anos (aproximadamente 10) eu estava numa aula de tai chi chuan... e o mestre sugeriu que fizessemos o tai chi chuan livre, cada um ia e fazia algo livre pros outros ficarem olhando.... As pessoas ficaram pasmas com o quanto meus movimentos eram leves... mesmo eu passando dos 100 kgs... huahuahauahu

    Destreza não está relacionada ao tamanho... acho que isso tem a ver com as "inteligências múltiplas", não tem? Além do conhecimento, a prática desenvolve qualquer "função" que o ser humano queira executar... Uns têm dons naturais, outros, com muito esforço conseguem chegar aonde quiserem.

    ;)

    Bjins,
    Raven

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Obrigada pela sua visita...seja sempre benvinda(o.
Tenho como intuito,ajudar pessoas que se enteressam por estes assuntos,e a divulgação do mesmo,que até nos dias de hoje é polêmico.
Quando vamos nos preocupamos com a estética ,cuidamos de nossa aparência física,e esquecemos de cuidar do nosso interior,de estar bem conosco...a beleza vem de dentro da admiração por nós mesmos,a alegria da alma que transborda felicidade e nos torna confiantes em nós,abrindo portas em nossos caminhos.
Acredite!!!!você pode.